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Nossa primeira viagem juntos: estrelando Amendoim
Temos um artigo que fala sobre como viajar com pet. Aqui, eu conto com detalhes como foi a minha primeira viagem internacional com meu cachorro.
Para dar a vocês um exemplo do trabalho e perrengue com viagem pet, vou contar minha trajetória para a primeira viagem internacional do meu cachorro… e também a minha com um pet.
Bem, em julho de 2021 adotei o Amendoim e no dia seguinte levei ele para tomar a vacina da raiva e assim, cumprir com a obrigação legal dessa vacina e deixa-lo protegido. O Amendoim já veio da ONG com microchip aplicado e registrado, então esse passo não precisei dar.
Depois, em outubro de 2021 já fiz o teste de sorologia da raiva – aquele que faz contagem de anticorpos. O menino passou com louvor. Já fiz pensando numa possível viagem.
Chegou a hora de comprar a mala transportadora e ensiná-lo a entrar e a ficar dentro dela sem muito estresse. Ele é bastante ansioso e isso era o que mais me preocupava. Fizemos viagens curtas de ônibus e trem para ele se acostumar aos barulhos e com a mala. Em poucas semanas ele já estava super de boas com a mala. Hoje, mal pego nela e ele entra logo.
Nossa viagem foi agendada para março de 2022 e os trechos eram Portugal – Brasil – Portugal com escala em Amsterdam tanto na ida quanto na volta. Os voos foram pela KLM. (Se for viajar com escalas, verifique se o país da escala exige alguma documentação extra). No nosso caso era tranquilo, por ser dentro da União Européia.
Enquanto buscava os melhores vôos para nós, buscava também os documentos necessários para a viagem. Muitos destes documentos você só vai poder fazer quando estiver próximo da viagem, mas convém saber exatamente o que precisa e onde deve fazê-los. No nosso caso, eu busquei tudo que era preciso para ele entrar no Brasil e entrar em Portugal na volta, sempre considerando a passada por Amsterdam.
Por recomendação de amigos veterinários o Amendoim fez a vacina da leishmaniose 21 dias antes de embarcar para o Brasil, pois lá tem tido muitos casos da doença. Essa vacina não é obrigatória, portanto, converse com seu veterinário e decidam o que acham melhor para o seu caso.
No dia que fizemos a vacina da Leishmaniose eu optei por fazer também o passaporte, pois como moramos em Portugal e íamos passar por Amsterdam, ter o passaporte facilitava as coisas. Uma vez que descobri que animais que saem da Europa com sorologia da raiva aprovada e passaporte não precisam do Certificado Veterinário Internacional para retornar, caso as condições de saída não se alterem… por exemplo a vacina da raiva não vença.
Nesses casos, também não se aplica o prazo de 90 dias do resultado da sorologia para o embarque. Descobri também que se a vacina da raiva for feita sempre nas datas corretas (sem passar um dia sequer) o teste de sorologia é vitalício para o animal.
Em fevereiro, 1 mês antes da viagem comprei nossas passagens. A do Mindu ficou em 350Euros ida e volta. Fiz tudo pelo Whatsapp da KLM. Eles pediram tamanho da mala, peso do pet e os números dos meus voos. Criaram um link e disseram que eu poderia pagar naquele momento ou no check in. Optei por pagar antes e acho que foi minha salvação – logo saberão porque.
Dez (10) dias antes da viagem fizemos uma visita a veterinária dele. Ela o examinou, deu os desparasitastes de amplo aspecto (vermifugo e antipulgas e carrapato) e forneceu o Atestado Veterinário dizendo que o Amendoim estava apto para viajar. Tendo o atestado, agendei por email a visita ao DGAV (tipo a VIGIAGRO, mas em Portugal). Esse prazo de 10 dias antes da viagem é exigido pela DGAV para emitir o Certificado Veterinário Oficial.
Na DGAV paguei 25Euros para a emissão do Certificado Veterinário Oficial. E confirmei mais uma vez que com a sorologia feita em Portugal e com passaporte o Mindu não precisaria visitar a VIGIAGRO no Brasil para emissão do Certificado Veterinário Internacional quando do nosso retorno.
Com o Certificado Veterinário Oficial em mãos, informei o aeroporto do Porto a data e hora prevista para nossa chegada quando retornassemos do Brasil. Por excesso de zelo, novamente confirmei as questões do retorno do pet sem o Certificado Veterinário Internacional emitido no Brasil.
Estava tudo certo para viajarmos. A ansiedade era grande e como eu sou uma pessoa muito certinha fiz um plano B e pedi a uma amiga que fosse – de madrugada – buscar o Amendoim no aeroporto caso impedissem ele de embarcar.. sim, o risco ainda existia. Ela prontamente disse que sim – quem tem amigos tem tudo.
A essa altura o Amendoim, tinha: microchip, vacina da raiva registrada e em dia, vacinas infectocontagiosas em dia, vacina da leishmaniose, desparasitações de amplo aspecto dentro do prazo exigido pela DGAV e pelo Brasil, Atestado de Saúde emitida pela Veterinária dele, Carteira de Vacinação com todas as informações sobre vacinas e desparasitantes, passaporte com todas as informações também e o Certificado Veterinário Oficial emitido em Portugal para entrar no Brasil.
Além de tudo isso ele já tinha passagem de ida e volta paga e agendamento no veterinário do aeroporto para o retorno – 40Euros por animal.
No dia da viagem fomos para o aeroporto com 4 horas de antecedência, como diz a regra. No momento do meu check in, pediram para pesar o Amendoim e pegaram uma fita métrica. E ao vê-lo na mala a atendente disse que achava que ele não poderia viajar, pois era grande demais.
Eu já chorando por dentro, insisti com ela que ele estava confortável e acostumado com a mala de transporte. Ela sem querer me ouvir dizia que não. Eu pedi para ele sair da mala – coisa que ele não queria – e depois pedi para ele entrar de novo. O que ele fez, deu uma volta de 360 nele mesmo e se deitou.
Ainda assim, vendo ele entrar confortavelmente na mala, ela dizia que ele era enorme e se dependesse dela, ele não embarcava.
Por fim, ela disse que iria questionar a KLM e se eles autorizassem o Amendoim embarcava, caso contrario ele ficaria. Bem, liguei para a veterinária e minha amiga que estava de plantão e expliquei que decidiriam sobre o embarque dele em 40 min. Queria deixa-la avisada, pois se negasse novamente, ela teria 20 min pra chegar no aeroporto.
Passado o tempo de espera, voltei ao guichê e a atendente ligou para o representante da KLM. Ela dizia ao telefone: “he’s giant. He can’t travel” (Ele é enorme. Ele não pode viajar). Eu estava aos prantos, desesperada, porque não queria deixa-lo.
Ela, então, desligou e disse que a KLM autorizava o embarque, mas que seria a última vez, na próxima ele não embarcava. Liguei para minha amiga e avisei que ele ia. Pedi mil desculpas por acordá-la as 3h da madrugada atoa. E ela como anjo que é me desculpou.
Passado o estresse do check in, fomos para o embarque. Mindu entrou tranquilo, mas muito curioso com tudo. No RX em Portugal ele teve que passar dentro da mala de transporte, junto com as malas. Portugal não é um país considerado pet friendly, ainda.
Chegando em Amsterdam, tudo muito tranquilo. Mindu foi no chão, na coleira, só voltou pra mala quando íamos embarcar. Durante os vôos ele ficou bastante ansioso e com princípio de golpe de calor, informei aos comissários e com a concordância do meu vizinho de assento, coloquei a mala no colo para que ele recebesse mais ventilação. Molhei bastante as patinhas dele e dei um calmante fitoterápico (WeCalm – comprado em Portugal). Ele ficou mais calmo, porém ainda com crises curtas de ansiedade.
Ao chegar no Brasil o Amendoim também circulou no chão, com coleira. Passamos pela aduana – declaração de bens e animais – e ele foi liberado. Maaaaasssss, não sem antes me darem uma informação equivocada e me causarem pânico. Disseram que era obrigatório do Certificado Veterinário Internacional emitido pela VIGIAGRO, no Brasil, para que ele pudesse retornar a Portugal. Eu bati de frente e disse que não, pois ele tinha passaporte e a pessoa insistia que sim, pois estava na lei Européia.
MAS NÃO ESTÁ!
Nossa primeira viagem juntos: estrelando Amendoim
Tanto no site da DGAV quanto no da União Europeia, está claro que o passaporte é suficiente para retorno se as condições do animal não estiverem se alterado desde a saída dele da Europa. Eu queria voar no pescoço da atendente da VIGIAGRO.
Bem fiquei super tensa e novamente confirmei com o veterinário do aeroporto do porto se o passaporte bastava. Ela disse que sim, afinal eram apenas 20 dias e nenhuma vacina dele se venceria nesse prazo.
Me acalmei, mas continuei tensa pensando nisso o tempo todo. Vocês poderiam dizer, fizesse o documento e pronto… Porém, esse documento demora mais de 30 diass para sair e só o agendamento pode demorar 60 dias. Coisas de Brasil né minha gente. Além do que esse simples documento custaria entre 950 reais se pedido dentro do prazo ou 2500 reais, caso eu pedisse a emissão com urgência… lembrem-se que minha viagem era de apenas 20 dias.
Ademais, eu o levei na viagem com a certeza que poderia voltar, afinal os órgãos portugueses estavam dizendo que sim e no site da DGAV também estava dizendo que sim para retorno apenas com o passaporte europeu. Mas a pulga estava plantada e o medo instalado.
As férias foram tranquilas, Amendoim se comportou lindamente bem.
Na volta minha mãe foi para o aeroporto conosco, para ficar com o Amendoim caso ele não embargasse. Entretanto, foi super tranquilo. Pesaram ele e verificaram o passaporte. A menina ainda questionou a colega ao lado e ela disse em alto e bom som: ” se ele veio da Europa com tudo em dia, o passaporte é suficiente para ele retornar”. (o tudo em dia eram as vacinas, desparasitantes, microchip e sorologia da raiva válidos).
Embarcamos, a escala em Amsterdam foi tranquila. Pudemos até sair para um xixizinho. E na volta ele foi tratado com todo carinho no RX. Passou com um oficial na guia e depois eu passei. As pessoas do aeroporto vinham mexer com ele, até a funcionaria de um Free Shop hahaha.
Chegamos em Portugal, passamos pelo veterinário do aeroporto conforme agendamento. Nenhum perrengue.
Bem, depois de todos os perrengues meu conselho é: se programem MUITO, mas tenham um plano B. Treine seu pet para todo o estresse do voo e mantenha o coração saudável para a montanha russa de emoções.
Se eu faria tudo isso de novo???
Faria sim, exceto se tivesse alguém 10 estrelas pra cuidar dele na minha ausência. Sou mãe coruja e ciumenta hahahaha
Link artigo Viajar com Pet? Como?
Nossa primeira viagem juntos: estrelando Amendoim
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